22 February, 2007

Uma coruja muito sabida


Num fim de tarde de janeiro, no Parque das Árvores Frondosas, o ambiente é de paz e um frescor começa a tomar conta da área verde quando de repente uma tartaruga grita:
- Sr. Coelho, chega! Pare aí!
E o coelho muito atrapalhado sem nada entender pergunta ligeirinho:
- Por quê? O que está acontecendo?
- Ora - disse a tartaruga – estou cansada só de ver o senhor correndo de lá pra cá e ainda por cima tropeçou no meu casco.
- Desculpe-me D. Tartaruga, não foi minha intenção.
- Sr. Coelho, mas porquê corre tanto de lá pra cá e de cá pra lá?
- Ah, não sei D. Tartaruga! Desde que nasci corro assim, mas não sei por quê. E a senhora? Por que não sai do lugar? Já dei umas mil voltas pela mata e continua aí no mesmo lugar.
Meio ofendida defendeu-se a tartaruga: - No mesmo lugar não senhor. Desde que te vi hoje pela primeira vez já dei cento e setenta e sete passos, mas cada vez que sinto o perigo me escondo no meu casco, por isso me atraso um pouquinho...
- Essa correria do senhor me incomoda.
Também ofendido respondeu o coelho: - E essa lerdeza da senhora me incomoda também, porque faço tantas coisas durante o dia e a senhora nem sai do lugar.
-Ah! Ah! Ah! Riu a tartaruga. Faz tantas coisas... Faz o quê? Só vejo o senhor correndo e mais nada.
- Não importa o que eu faço, não é do seu interesse.
Nesse instante em que a conversa não andava muito amigável, chegou a sábia Sr.ª Coruja que disse:
- Ora, ora, amigos. Parem de discutir. Vejo que não chegarão num acordo nunca. Olhem em volta de vocês, não existe nada igual na natureza. Tudo é diferente, mas tudo se completa para formar essa paisagem tão bela e agradável.
Cada um tem seu limite, sua capacidade, sua própria experiência. Nisto somos todos diferentes, mas somos iguais na capacidade de aprender e de contribuir para um mundo melhor.
Os dois amigos meio envergonhados abaixaram as cabeças, olharam para os lados e após alguns minutos se olharam nos olhos.
-Vamos aproveitar a beleza deste parque? Convidou D. Coruja.
-Vamos sim, respondeu o coelho pulando diante da tartaruga que com medo de ser atropelada escondeu-se no seu casco.
D. Coruja aliviada voou procurando sua toca no casco de alguma árvore centenária.
A tartaruga colocou lentamente a cabeça para fora e deparou-se com o coelho cheirando-a e cada um de acordo com sua capacidade saiu passeando pela floresta, bem dizendo a beleza da vida e os dons de cada um ao som dos pios dos pardais e andorinhas naquele fim de tarde.

Joana D’Arc dos Santos Machado
Evangelizadora do Centro Espírita Dr. Germano

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